Blog de um algarvio, nascido e criado em Olhão, orgulhoso da sua terra, adepto fervoroso do S.C.Olhanense, licenciado em Biologia pela Universidade do Algarve, e mestre em Biologia da Conservação pela Universidade de Évora.
publicado por Ventura | Sábado, 05 Janeiro , 2008, 14:47
Durante o dia de hoje, 5 de Janeiro, decorre a abertura oficial das comemorações Olhão da Restauração - 200 anos «1808-2008». Nesse dia, um conjunto de iniciativas espalham a festa por todo o Município e dão o mote para os 12 meses que se seguem.
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publicado por Ventura | Sábado, 05 Janeiro , 2008, 13:39
Em Outubro de 1807 as tropas francesas de Napoleão, chefiadas pelo General Junot, invadiram Portugal, passando a dominar todo o país. Instalado em Faro o comando das tropas invasoras no Algarve, logo os exércitos fizeram sentir às populações dominadas o seu poder e ganância, com tributos, impostos, exacções, roubos e rapinas. Finalmente, para além de todas estas "artes", para grande miséria dos olhanenses, Junot aplicava a pena de morte aos contrabandistas e não haveria na época, pelo menos no Algarve, uma terra com mais contrabandistas que Olhão!
Era na altura uma simples aldeia sem qualquer importância administrativa ou política, atendendo ser povoada apenas por miseráveis marítimos, sem instrução nem quaisquer pergaminhos importantes para a época. Havia mesmo quem se referisse aos olhanenses depreciativamente como sendo apenas uma “raça de escravos”. Mas, no entanto, a miserável aldeia estava já num crescimento imparável e teria na altura mais de 5000 habitantes e já quase nenhumas barracas.

Esta invasão, ao contrário das que se lhes seguiram, foi a única que teve sucesso em Portugal, e afectou directamente o Algarve. As duas invasões seguintes (chefiada a segunda por Soult e a terceira por Massena) foram sempre militarmente derrotadas pelo exército anglo-português e nunca chegaram ao Algarve.
A 16 de Junho de 1808, à porta da Igreja Matriz, onde o povo se juntara, a tropa invasora afixara um edital convidando os portugueses a fazerem causa comum contra a Espanha então insurrecta. O Coronel José Lopes de Sousa, militar português então em Olhão (o exército nacional fora desmobilizado) desfaz em pedaços, gritando ao povo:
"Ah! Portugueses, já não merecemos este nome, nada somos já!"
O povo respondeu a este desafio, solidarizando-se com ele e iniciando a revolta contra os ocupantes.
Logo nessa mesma tarde se soube em Faro dos acontecimentos revoltosos de Olhão; e os franceses e os seus aliados tentaram, ora com boas palavras ora com ameaças, demover os olhanenses da sua rebelião.
Os olhanenses - armados de algumas espingardas, espadas velhas, espadins, forcados, trancas, fisgas e até pedras -, foram ao encontro do inimigo. Na Ponte de Quelfes aguardaram, ocultos, pela passagem das tropas francesas. Deram-lhes combate, derrotaram-nas e perseguiram os que fugiram em direcção a Faro.
A revolta dos olhanenses deu inicio a uma sequência de revoltas por todo o Algarve e pelo país. Muitas populações de outras tantas localidades oprimidas, motivadas pela coragem dos olhanenses, seguiram o seu exemplo, e dentro em pouco os franceses tiveram que retirar para Norte.
A família real portuguesa estava então no Brasil, fugida antes da entrada dos franceses em Portugal. Não contentes com a revolta que haviam iniciado e que alastrava, dando paulatinamente lugar à Restauração da Independência portuguesa, alguns marítimos de Olhão decidiram ainda levar a noticia do que se estava a passar ao rei, no outro lado do Atlântico. Eram pescadores apenas habituados a navegação à vista da costa; mas, num pequeno caíque chamado Bom Sucesso, fizeram-se ao mar em Julho de 1808; e ao fim de dois meses estavam no Brasil a dar à Corte a novidade da libertação de Portugal.
O Rei, D.João VI, recebeu-os com todas as honras. Esta travessia, acrescendo à revolta, foi um novo episódio de audácia e de heroísmo, que valeu à então aldeia de Olhão, por decisão régia, a elevação à categoria de Vila, com o nobilitante título de Vila de Olhão da Restauração, que hoje, sendo já cidade, conserva em memória esse ilustre feito.
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