O povo respondeu a este desafio, solidarizando-se com ele e iniciando a revolta contra os ocupantes.
Logo nessa mesma tarde se soube em
Faro dos acontecimentos revoltosos de
Olhão; e os franceses e os seus aliados tentaram, ora com boas palavras ora com ameaças, demover os
olhanenses da sua rebelião.
Os
olhanenses - armados de algumas espingardas, espadas velhas, espadins, forcados, trancas, fisgas e até pedras -, foram ao encontro do inimigo. Na
Ponte de Quelfes aguardaram, ocultos, pela passagem das tropas francesas. Deram-lhes combate, derrotaram-nas e perseguiram os que fugiram em direcção a
Faro.
A revolta dos
olhanenses deu inicio a uma sequência de revoltas por todo o
Algarve e pelo país. Muitas populações de outras tantas localidades oprimidas, motivadas pela coragem dos olhanenses, seguiram o seu exemplo, e dentro em pouco os franceses tiveram que retirar para
Norte.
A família real portuguesa estava então no
Brasil, fugida antes da entrada dos franceses em
Portugal. Não contentes com a revolta que haviam iniciado e que alastrava, dando paulatinamente lugar à
Restauração da Independência portuguesa, alguns marítimos de
Olhão decidiram ainda levar a noticia do que se estava a passar ao rei, no outro lado do
Atlântico. Eram pescadores apenas habituados a navegação à vista da costa; mas, num pequeno
caíque chamado
Bom Sucesso, fizeram-se ao mar em
Julho de 1808; e ao fim de dois meses estavam no
Brasil a dar à
Corte a novidade da
libertação de Portugal.
O Rei,
D.João VI, recebeu-os com todas as honras. Esta travessia, acrescendo à revolta, foi um novo episódio de audácia e de heroísmo, que valeu à então aldeia de
Olhão, por decisão régia, a elevação à categoria de
Vila, com o nobilitante título de
Vila de Olhão da Restauração, que hoje, sendo já cidade, conserva em memória esse ilustre feito.
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